

dramaturgia O filho do presidente

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yanomami
A cada exemplar vendido, 50% do preço de capa vai para a HUTUKARA ASSOCIAÇÃO YANOMAMI, cofundada e presidida pelo xamã Davi Kopenawa. Compre aqui.
A dramaturgia tem prefácio da professora e pesquisadora Gabriela Lírio, apresentação da diretora Natasha Corbelino, orelha assinada pelo crítico e jornalista Miguel Arcanjo e fotos de Carolina Calcavecchia. Foi publicada pelas edições Cândido.
Ao comprar um exemplar de O FILHO DO PRESIDENTE, metade do valor vai direto para a HUTUKARA, contribuindo com a luta indígena dos povos tradicionais. Os Yanomami e a floresta amazônica estão gravemente ameaçados pelo avanço do garimpo e pela Covid-19. Durante o governo Bolsonaro, o garimpo ilegal ganhou força. Em 2020, uma área equivalente a 500 CAMPOS DE FUTEBOL foi devastada dentro da Terra Indígena Yanomami, a maior taxa de desmatamento da década. FORA GARIMPO, FORA COVID!


o grupo

O TEATRO CAMINHO é um grupo baseado no Rio de Janeiro. Nasce em 2014 e, desde então, tem investigado especialmente as implicações entre cena, espaço e itinerância. Seu primeiro trabalho é Casa vazia, espetáculo de 24 horas de duração que acontecia em casas da cidade, contemplado por duas vezes pelo programa de fomento da Secretaria Municipal de Cultura.
Em 2017, estreia Eu vou aparecer bem no meio do seu sonho, site-specific que levava o público pelas ruínas de uma biblioteca abandonada. Em 2018, realizaram pelo Centro do Rio a série de ações aventuras estranhas, da qual nasce Amazona, thriller itinerante que começa numa espaço fechado e explode pelas ruas. O espetáculo estreou no Rio de Janeiro com financiamento da Capes e desde então circulou por cidades como Belo Horizonte e Lisboa, em Portugal.
Em 2020, em meio ao isolamento social detonado pela pandemia, estreia seu quarto espetáculo, o solo O filho do presidente. Primeira produção brasileira especialmente concebida para o live-streaming, a peça radicaliza ainda mais a pesquisa espacial do grupo.

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Munido de um regador de dez litros, Ricardo Cabral regou o chão (não a terra nem os canteiros) da praça Mauá, da praça Tiradentes e do largo da Carioca. Rafaela Amodeo cruzou a avenida Rio Branco costurando à própria roupa os lixos que encontrava pelo chão.
Chris Igreja saiu com uma vara de pescar e iscas variadas (um celular, um par de sandálias, uma nota de cinco reais, entre outras) e passou a tarde pescando pessoas pela rua. Anna Clara Carvalho se vestiu de super-heroína com um maiô vermelho, patins e uma capa turquesa onde se lia “POSSO AJUDAR” – e passou uma tarde se disponibili-zando a ajudar estranhos na praça Mauá. Nina Harper ofereceu um aulão de subidas em árvore no canteiro central da avenida Presidente Vargas.

O relógio marcava pouco mais de dez horas da manhã de uma terça-feira de março. Éramos nove artistas em roda, algumas cangas sobre o concreto ainda frio, uma cesta com maçãs, bananas e cachos de uvas e meia dúzia de garrafas d’água espalhadas pelo chão. Fazia menos de dez dias da execução da vereadora Marielle Franco (até hoje sem resposta) e ainda respirávamos luto. Ali, naquela manhã, nos colocávamos a mesma pergunta que a artista Eleonora Fabião faz a Marcio Abreu numa troca de e-mails publicada pela revista Sala Preta: como responder propositivamente, e não reativamente, diante do atual estado das coisas? Repito: como responder propositivamente, e não reativamente, diante do atual estado das coisas?
Depois de quatro rodas de conversa, sempre em espaços públicos pelo Centro do Rio, arriscamos que experimentar aventuras com estranhes pela cidade poderia abrir espaço para outras cidades possíveis dentro da nossa própria cidade. Aventura, do latim ad venire, significa se aproximar; ir na direção (ad) das coisas que vêm até nós (venire). Aventura é movimento de encontro: as coisas, no plural mesmo, estão vindo em nossa direção e nós vamos até elas. É pura pororoca.
A série de ações deu origem a dramaturgia do espetáculo 'Amazona', que o grupo estreou em outubro do mesmo ano.
artistas Andrêas Gatto, Anele Rodrigues, Anna Clara Carvalho, Camila Costa, Carolina Calcavecchia, Chris Igreja, Elmir Mateus, Gunnar Borges, Jefferson Santos, Mariah Valeiras, Mauricio Lima, Mayara Máximo, Nina Harper, Rafael Ribeiro, Rafaela Amodeo, Rafaela Azevedo e Ricardo Cabral
orientação de pesquisa Livia Flores
fotografias Carolina Calcavecchia e Marcela Antunes